data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
A Secretaria de Segurança Pública do Estado divulgou os indicadores de criminalidade referentes ao mês de julho. No Rio Grande do Sul, os primeiros sete meses de 2020 tiveram mais homicídios, mas latrocínios se mantiveram iguais, e feminicídios diminuíram em relação ao mesmo período de 2019. Na soma desses crimes, os assassinatos tiveram aumento de 16%, de 24 para 28. Em Santa Maria, entre sete indicadores de crimes violentos, quatro tiveram queda. São eles: feminicídio, tentativa de feminicídio, ameaça e lesão corporal. O número de estupros cresceu 22,5%. data-filename="retriever" style="width: 100%;">
A queda nos indicadores de violência contra mulher já havia sido constatada em divulgações anteriores do governo estadual. A nível municipal, quase todos os indicadores caíram. A delegada titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Elizabeth Shimomura, credita isso ao trabalho dos órgãos de segurança e múltiplas formas de denúncias.
Cinco veículos são apreendidos com mercadorias compradas no Uruguai
- Não desprezando uma pequena parcela de subnotificação, eu sigo com a opinião de que isso ocorre por haver mais denúncias. Temos a Máscara Roxa, Sinal Vermelho, delegacia online, as delegacias ficaram de portas abertas e com horário integral durante todos esses meses. A gente vê pelo número de vítimas que nos procuram. E isso não é um trabalho isolado da Deam, envolve a Brigada Militar e, além dos órgãos de segurança, a imprensa também - opina.
Sobre os registros de estupros, que foram de 31 para 40 em Santa Maria de 2019 para 2020, a explicação ainda não é evidente, mas será objeto de trabalho da Deam.
- Ainda vou fazer a análise de cada ocorrência para saber no que consistiu e como podemos atuar a partir disso - explica a delegada. data-filename="retriever" style="width: 100%;"> data-filename="retriever" style="width: 100%;"> data-filename="retriever" style="width: 100%;">LATROCÍNIO
Quanto à análise do único indicador sem alteração de um ano para outro, o de roubo com morte, o delegado regional da Polícia Civil Sandro Meinerz, propõe uma perspectiva ampliada. Segundo ele, o crime de latrocínio se mantém estável não apenas em comparação ao ano passado, mas no retrospecto dos últimos cinco anos.
- Tivemos dois latrocínios nos primeiros sete meses de 2015. Em 2016 foram três, em 2017 foram quatro, em 2018 foram registrados dois, em 2019 também foram computados dois e o mesmo número em 2020. Ou seja, o roubo com morte está dentro de uma estabilidade estatística - detalha.
Na leitura de Meinerz, o latrocínio, que no discurso policial é frequentemente adotado como "o roubo que não deu certo", tem sido combatido pela polícia com o mapeamento de informações pelos departamentos de inteligência e com a prisão dos suspeitos.
- Sabemos, em determinadas áreas, quem são as pessoas suspeitas, as formas de praticar o roubo, uma série de informações que ajudam a identificar o autor e representar pela prisão preventiva. Quando há emprego de ameaça grave contra alguém, o suspeito tem alta periculosidade social e tem de ser tirado de circulação. Além disso, quando prendemos um autor de roubo, geralmente esclarecemos cerca de quatro outros crimes. O autor do roubo faz isso diariamente, se puder, e traz o risco de um latrocínio se a vítima reage _ explica o delegado.
Apesar de aumento, números são baixos, avalia comandante da BM
O tenente-coronel Cleberson Braida Bastianello, comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1ºRPMon), acredita que a queda nos índices tem a ver com o trabalho de integração entre as forças de segurança e ao encarceramento de suspeitos. Quando ao aumento dos homicídios, pondera:
- Qualquer um desses homicídios nos atingem, mas, ainda que tenha havido um aumento nos indicadores, eles ainda são baixos, tanto que podemos analisa-los individualmente. O homicídio é um tipo de delito difícil de ser combatido porque as vítimas, normalmente, são pessoas envolvidas no crime. É um dado que já é esperado, mas que sempre buscamos melhorar.
O comandante diz ainda que a atuação da Brigada Militar na prisão de suspeitos e apreensão de armas contribui para controlar os índices de assassinatos e de outros crimes violentos.
DINÂMICA LOCAL
O Analista de Programa do Escritório Regional das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) Eduardo Pazinato acredita que no Rio Grande do Sul, assim como em outras unidades federativas do país, os delitos ligados à vitimização letal reduziram por duas possíveis razões. Além das ações de aprimoramento da gestão da informação pelo poder público, o que potencializa resultados graças à otimização dos recursos físicos e humanos disponíveis, o professor credita a queda à mudança na dinâmica das organizações criminais. Ele aposta em uma espécie de pacto entre facções para frear estratégias governamentais de transferência de líderes de facções para unidades prisionais federais.
Na cidade, o professor admite que é difícil fazer uma análise dos números absolutos sem um estudo aprofundado junto aos profissionais de segurança de Santa Maria. Mas, segundo ele, ações pontuais dos órgãos de segurança e o contexto local das frentes criminosas podem estar impactando nos números:
- A redução de feminicídios e tentativas de feminicídio pode estar relacionada a medidas muito concretas da polícia e do Poder Judiciário, assim como, no que se refere aos homicídios podem estar acontecendo disputas de facções criminais ou alguma dinâmica local mais factual. Ou seja, alguma liderança que foi presa leva determinada facção a assumir um ponto de outra. E isso geralmente é feito pela prática de homicídios, mas eu não seria definitivo nessa afirmação - ventila o especialista.
Já as ameaças e os estupros, que, segundo Pazinato, estão muito relacionados com a violência contra a mulher, merecem uma atenção particular. Ele define o aumento dos registros de estupro como um dado "chocante e bastante preocupante":
- Eu diria que a tônica de uma gestão integrada voltada para o atingimento de resultados, com monitoramento e avaliação permanente, com integração entre município, estado e união, investimento em tecnologia e inteligência continuam sendo caminhos que precisam ser aprofundados sobretudo no viés preventivo - indica.